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Idas e vindas

Como uma grande metrópole pode ser um refúgio e símbolo de oportunidade


Maria Marlene Costa Jardim mora em São Paulo há 35 anos. Saiu de uma cidade pequena no norte de Minas Gerais aos 17 anos. Seu maior medo foi não conseguir um emprego e ajudar sua família, que continuou na sua cidade natal. “Como trabalhei na roça, nunca fui de fazer corpo mole, então quando cheguei aqui tentei me estabilizar o mais rápido possível” enaltece Maria. Ela percebeu uma enorme dificuldade em conseguir se adequar a esta cidade grande, principalmente pelos costumes diferentes. Assim que chegou a cidade grande, a mineira começou a trabalhar em um restaurante e conheceu seu marido, José Jardim. Com três filhos, Maria se orgulha de sua história e acredita que essa grande metrópole disponibiliza oportunidade para todas as pessoas, de todos os gêneros, etnias e raças. “Ouvi uma vez uns jovens falando que não existe amor em SP, mas existe sim, no meio de tanto caos, é possível encontrar empatia”.


Para Reinalda Aparecida dos Santos a situação foi mais delicada. Ela é de Salvador (BA) e foi abusada por um vizinho quando tinha 15 anos. Depois disso, sua vida mudou completamente, sentia uma necessidade enorme de sair de sua cidade. Conversou com alguns familiares que vieram para zona leste paulistana e resolveu tentar a vida aqui. A jovem chegou entusiasmada e esperançosa, acreditando que conseguiria esquecer o acontecido e trabalhar num lugar ótimo. Infelizmente suas expectativas caíram, já que sofreu muito preconceito racial. Com muita luta, Reinalda venceu barreiras sociais na cidade grande, conseguiu um emprego de doméstica e se sustentou. Atualmente ela é empresária e conta orgulhosa: “Logo no início fiquei com muito medo, mas ao mesmo tempo precisava mudar, São Paulo me ensinou que a vida não é fácil, mas se você batalhar conseguirá passar por barreiras”.


Assim como Reinalda, Cleber da Silva, nascido em São Lourenço da Mata (PE), também sofreu preconceito racial quando chegou a São Paulo. Ele que veio para o sudeste com muito receio, foi obrigado a aguentar diversos comentários racistas diariamente enquanto procurava emprego. Não sabia como realmente era a cidade da garoa, recebia poucas notícias de pessoas que vinham pra cá, mas decidiu arriscar. Foi obrigado a cuidar de seus cinco irmãos depois do falecimento de sua mãe, percebeu que precisava dar uma vida melhor para eles. Assim que chegou em SP com seus irmãos, recebeu a ajuda de uma senhora com alimentos e moradia temporária. Depois de muita luta e dificuldade, ele começou a trabalhar em um bar próximo de onde estava morando, conseguindo meses depois, alugar uma casa. Cleber começou a progredir e sua condição financeira melhorou relativamente. “Não sou rico, mas consegui sustentar meus irmãos, coloquei eles na escola, assim terão um futuro muito melhor que o meu”, relata Cleber com os olhos brilhando. Ele encerra dizendo que mesmo com muita dificuldade, São Paulo surpreendeu de forma positiva, já que conheceu pessoas maravilhosas e teve boas oportunidades.


Por mais que os motivos não sejam os mesmos, as pessoas vêm para São Paulo buscando uma vida melhor, trazendo seus sonhos e expectativas. De acordo com dados do IBGE, São Paulo recebe todos os dias 192,7 novos habitantes, mas é preciso lembrar que essas pessoas não são apenas dados, cada um traz consigo sua história, costumes e cultura. Dessa forma, isso deve ser valorizado sempre, mantendo o respeito e a empatia pelo próximo. Por mais que seja uma cidade movimentada, ainda é possível parar e ouvir uma história de vida como a da Maria, Reinalda e Cleber.



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