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O posfácio da leitura

Como sobrevivem as bibliotecas públicas na metrópole

Foto: Stephanie Ramos

São Paulo é composta por grande diversidade de pessoas e assim há intensa movimentação e manifestação cultural tanto em seus bairros quanto em seus espaços públicos. O estado brasileiro conhecido por abrigar a todos, acabou tendo alguns de seus cenários alterados com o passar do tempo e com a chegada da modernização.


As cidades devem ser feitas para que as pessoas possam aproveitar seus espaços públicos, sem que haja barreira entre cada cidadão e suas diferentes classes, gêneros, idade e cor. Sendo que espaços públicos são reconhecidos como um local de troca de experiências, convívio e encontro, os parques e as praças, museus, bibliotecas públicas, instituições de ensino, centros culturais, a rua em si, entre outros ambientes e locais são alguns dos exemplos para a definição de tais espaços.


Com o processo natural de modernização das cidades, alguns desses espaços foram sendo deixados de lado por sua população, já não sendo mais lugares para trocas de culturas e convivência como antigamente, quando era época em que se conversava mais pessoalmente do que a distância através de meios digitais.


Os espaços públicos têm forte relação com a cultura dos indivíduos da sociedade e sua formação de caráter e de cidadãos melhores. Por isso é de extrema importância que o acesso aos centros de culturas, bibliotecas e instituições de ensino sejam facilitados. A leitura precisa estar próxima do povo e as bibliotecas públicas têm essa função de aproximação. Assim como os sebos e pessoas que vendem livros por valores inferiores aos que encontramos nas livrarias.


Há 54 bibliotecas públicas espalhadas pela cidade de São Paulo e algumas destas que já foram muito frequentadas no passado, sobrevivem com certa dificuldade nos dias atuais. Agora, o fácil acesso ao produto digital fez com que os leitores se deslocassem para a internet e deixassem o espaço físico das bibliotecas para outra época. Outros fatores como falta de manutenção por parte da prefeitura e falta de atualização do acervo literário também têm influência na mudança desses espaços públicos.


Na tentativa de atrair de volta os seus leitores - crianças, jovens, adultos e idosos -, certas bibliotecas oferecem programas de incentivo à leitura, isto é, cada um destes programas têm sua particularidade e público-alvo, mas o objetivo em geral é o mesmo: encantar o indivíduo, independente de sua idade, com as palavras de grandes autores que preenchem as estantes das bibliotecas e assim alimentar ou iniciar o gosto pela leitura.


A Biblioteca de São Paulo é uma das que possui programas desse tipo. Inaugurada em 2010, a BSP está localizada na Zona Norte e tem como objetivo promover e incentivar o prazer pela leitura entre todos os públicos. Além disso, a tecnologia é vista como aliada aqui: na biblioteca há mais de 90 computadores para quem quiser navegar na internet e também há um acervo de DVDs e aparelhos voltados para a leitura de livros eletrônicos.


Um dos programas realizados pela BSP é o Programa +60. Tendo como público-alvo as pessoas com mais de sessenta anos, o +60 foi criado em 2012 a fim de proporcionar serviços especiais para estas pessoas. Aqueles que fizerem parte do +60 têm disponível um espaço aconchegante na biblioteca para que se sintam mais confortáveis para lerem literatura, jornais e revistas. Há ainda eventos, curso de informática e oficinas para o público deste programa.


Localizado na região do bairro Paraíso, o Centro Cultural São Paulo foi inaugurado em 1982 sendo uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade. Por contar com diversos ambientes voltados para as mais diferentes atividades - literatura, dança, teatro, música -, o CCSP se transformou em um dos primeiros espaços culturais interdisciplinares do Brasil.


Dentro do Centro Cultural é possível encontrar duas bibliotecas que são elas a Biblioteca Sérgio Milliet e a Biblioteca Alfredo Volpi, cada uma com títulos diferentes e de categorias diversas. Há frequentemente outras atividades relacionadas à área da literatura, como o Sarau Encontro de Utopias (lançado em 2015), o clube de leitura Leia Mulheres, a série Ponto de Encontro - Leituras, fora os debates e palestras e a contação de histórias para o público infanto-juvenil. Cada uma destas atividades tem uma data e horário específicos e estão disponíveis para consulta no site do CCSP.


As bibliotecas públicas da capital realizam atividades como as citadas a fim de continuar atraindo e manter o seu público, independente da faixa etária. E também buscam auxílio na tecnologia para sobreviverem em São Paulo na era digital.


“Biblioteca Viva”

O prefeito de São Paulo João Dória e o secretário da cultura André Sturm criaram o programa “Biblioteca Viva” a fim de reestruturar as 54 bibliotecas da cidade, seguindo o modelo de Medellín, Colômbia.


Não só visando a ampliação do acervo, o programa quer aproximar o leitor das bibliotecas com as transformações a serem realizadas. No total são nove eixos de mudanças, tal como bibliotecas abertas aos domingos, wi-fi grátis em todas as 54 da capital, livros visualizados pelas capas, novas categorias de interesses, programação artística e mais saraus.


Para a aquisição dos novos livros serão negociadas doações de livros por parte das editoras ou compra realizada diretamente com as mesmas. Atualmente, não há tal ligação direta entre biblioteca e editora, visto que é preciso ter uma distribuidora mediando a aquisição de novos livros.


Há, ainda, a hipótese da instalação de cafeterias em algumas das principais bibliotecas. O espaço seria concedido para que empresas, com a instauração, unissem leitores e cafés.


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