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A linguagem da cultura

O modo como a literatura e o cinema tradicional sobrevivem nesta cidade

Foto: Stephanie Ramos

São Paulo sofre por metamorfoses constantemente. Através dos anos não só o aspecto físico mudou, mas como também seus moradores. Entretanto a cultura, como parte importante e essencial da metrópole, permaneceu de forma inalterada.


Das galerias de arte e museus, até a teatros e manifestações artísticas nas ruas, a cidade é recheada de opções que evoluem com o passar do tempo. A vida cultural em São Paulo é recheada de atrações para todos os gostos.


E dentre várias, a literatura e o cinema tem um valor para a cidade que é indiscutível. Desde de o surgimento de São Paulo, essas expressões artísticas tiveram papel fundamental na vida cultural da sociedade paulista. Muitas vezes envolvidas em revoluções importantes para todo o país, exemplo disso a Semana de arte Moderna em 1922.


Mas com o passar do tempo suas formas tradicionais, como pequenas livrarias e os cinemas de rua, tiveram que dar lugar para as grandes lojas multinacionais e enormes salas em shoppings centers. Eles perderam a cada vez mais espaço entre a cidade, e necessitaram procurar outros meios de sobreviverem à cidade.


O segredo literário da metrópole

Vivemos em uma era digital que vem fortemente desbravando a nossa sociedade. Os livros digitais tem sido uma prova disso. Cada vez mais o mercado de ebooks e e-readers têm crescido entre os jovens, os adultos e também a terceira idade.


Por outro lado sempre existe aquele que não consegue deixar os velhos hábitos desaparecerem. Muitos ainda tem a preferência por um livro físico em suas mãos, aproveitando-se da experiência à moda antiga. Tendo o prazer de sentir a textura da capa e das páginas, o cheiro do livro e o prazer de passar página por página.


E para esses admiradores, os sebos são um local onde essa paixão pode ser posta em prática. Os primeiros sebos existentes no Brasil foram criados na cidade do Rio de Janeiro, por intelectuais no fim do século dezenove (XIX). Desde então eles foram se espalhando pelo país, e na cidade de São Paulo foram se tornando muito populares.


Um dos sebos mais antigos da cidade, é a Livraria Calil com 70 anos de história que se completam neste ano de 2017. A livraria surgiu com o Sr. Líbano Calil, que era um assíduo frequentador de bibliotecas, e por conta deste amor aos livros ele decidiu abrir um negócio neste ramo, mais especificamente trabalhando com os livros usados. Desde então a livraria Calil é conhecida por sua vasta coleção de livros raros, documentos, entre outros.


A livraria se localiza no coração da cidade de São Paulo, e conta com mais de 300 mil livros raros em sua coleção. Atualmente a livraria está aos cuidados de Maristela Calil, e ela conta que o importante para a livraria Calil não é crescer grande e sim crescer pequena. “Pra mim não existe os grandes, existe a livraria Calil… eu trabalho, eu comprar bons livros, eu vejo a hora certa pra vender um bom livro. Então pra mim não tem crise nenhuma.” expressa Maristela.


Mesmo com grandes franquias de lojas de livros, há muitos que dão preferência a um bom sebo, “tem clientes que fazem questão de vir na livraria e bater na porta e dizer, ‘e ai tudo bem Maristela’ vem aqui só pra conversar, ver como está a livraria, sentir o cheiro dos livros”.


Apesar da internet e a facilidade atual na compra de livros, Maristela acredita que os sebos nunca irão acabar, pelo anseio que muitos tem em conter os livros em mãos e a possibilidade de encontrar livros que em outros lugares muitas vezes não se encontraria.


A beleza do cinema de rua

Por muitos anos ir ao cinema tem sido uma atividade de lazer entre as famílias, amigos, casais etc... Porém a forma de cinema que conhecemos hoje, em shoppings centers com grandes salas e pompa, nem sempre existiu.


Antigamente ir ao cinema era sinônimo de pegar seu carro, juntar os amigos e ir aos famosos drives-in - uma espécie de estacionamento com uma tela gigante de cinema. A partir daí os cinemas evoluíram e se mudaram para salas próprias ao longo das cidades, nas ruas, nos grandes centros e até mesmo em galerias.

Mas com o passar do tempo as coisas foram mudando, a situação econômica fez com que diversas salas fossem fechadas em São Paulo. A abertura de salas de cinema em shoppings com redes de cinema, não auxiliaram na sobrevivência dos cinemas de rua.


Entretanto algumas ainda resistem ao tempo, e permanecem com seu charme e magia. Entre os vários cinemas que sobreviveram, podemos destacar o CineSala. Ele existe com este nome a pouco tempo, desde 2014, porém antes sua história começa desde de 1962, com o nome Cine Fiammetta e permaneceu por 30 anos.


Depois transformou-se em Sala Cinemateca e exibia filmes clássicos e raros, até que a partir dos anos 2000 passou a ter outros nomes, até receber seu nome atual.


Hoje os cinemas nos shoppings estão dominando o mercado, mas os que preferem os cinemas de rua, o fazem pelo seu ambiente diferencial. “O público que frequenta o cinema de rua, de forma geral, valoriza mais a diversidade do cinema, ou seja, é mais aberto a filmes independentes, ou filmes de outras nacionalidades e temáticas que fogem do convencional.” - afirma Rodrigo Kay, um dos quatro sócios do CineSala.


O cinema se sustenta prioritariamente pelas bilheterias dos filmes, e também patrocinadores são importantes na composição da renda. Apesar disso as razões econômicas faz com que os cinemas de rua desapareçam. A dificuldade em competir com os shoppings, e a falta de planejamento urbano por parte do governo, são fatores consideráveis.


“Felizmente, nos últimos anos nota-se uma mudança em São Paulo no que se refere a ocupação do espaço público e valorização do comércio local. A Cinesala é uma iniciativa que se insere neste contexto.” - afirma Kay. Existe um movimento nos últimos meses onde diversos espaços públicos têm sido usados para a exibição de filmes, praças e prédios têm recebido, com incentivo do governo, eventos para a reprodução de filmes nacionais e independentes.


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