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Costurando tradição

A sobrevivência das costureiras em tempos de fast fashion

Foto: Stephanie Ramos

Elas não estão no São Paulo Fashion Week, não estão nos grandes eventos, não fazem grandes lançamentos e nem mobilizam a nata da sociedade paulistana. Elas passam longe do luxo, dos grandes shoppings, das importantes e badaladas ruas da cidade. Também não tem nenhum vínculo com as grandes marcas nacionais e internacionais. Mas elas trabalham com moda há anos e fazem moda como ninguém.


As costureiras se manifestam tímidas em pequenas portas espalhadas pelas ruas de São Paulo. São, em sua maioria, mulheres que vivem de moda em seus pequenos reparos, que são tão essenciais e que estão em extinção nos dias de hoje. “Toda roupa precisa de reparo. Barra é o que a gente mais faz, ninguém fica sem fazer. Até tentam usar a roupa arrastando, mas tem coisa mais horrível do que isso? Não dura muito e logo trazem para gente arrumar”, diz Dona Helena, uma senhora de 70 anos e costureira há 40.


Em tempos de mudanças drásticas no mundo da moda, com as peças dos desfiles disponível para compra cada vez mais rápido, as costureiras têm sido cada vez menos requisitadas para confecção de peças inteiras e, por muitas vezes nem aceitam mais esse tipo de serviço. “O custo acaba não compensando muito mais para a gente. As roupas nas lojas estão muito baratas e quando você mandar fazer precisa pagar o tecido, a mão de obra, o que acaba deixando a peça com um preço não tão vantajoso em relação a loja e sem a facilidade de poder levar a roupa na hora”, lamenta Dona Helena que aprendeu a costurar ainda menina, quando começou a querer usar roupas mais diferentes do que as feitas por sua mãe, que também era costureira.


Um dos grandes responsáveis pela queda de procura das costureiras para confecções sob medida são as lojas de fast fashion. Foi da década de 90 que as lojas passaram a levar roupas com mais informação de moda para o público sem preços exorbitantes. Até essa época, o consumidor que não tinha poder aquisitivo para comprar grandes marcas, ficava restrito a peças básicas ou feitas em costureiras, o que garantia o sucesso da profissão.


Passada essa época, as costureiras entraram em declínio nas grandes cidades como São Paulo, já que as lojas populares se instalaram e deixaram tudo de muito faço acesso a seus moradores. “Eu ainda faço algumas peças sob medida porque minhas clientes pedem, mas elas são senhoras mais velhas e que gostam que os vestidos sejam feitos do seu jeito. A juventude se adaptou bem a essas lojas porque não conhecem como uma peça sob medida fica no corpo, além disso, a qualidade dos tecidos dessas lojas baratinhas é muito ruim e as peças acabam não durando nada” conta Dona Fátima que é costureira há 40 anos.


Em contraponto, as costureiras ainda são muito requisitadas para confecção de peças especificas. Dona Maria da Paz diz que recebe muitas encomendas de roupas usadas por famosos, que saíram nas revistas ou apareceram na TV. “Consigo copiar esses modelos sem muita dificuldade e ainda faço adaptações para deixar o modelo melhor no corpo da cliente”.


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