Jovem e cheio de sonhos. Ele pensa que a vida é para ser vivida independente de qualquer crença. O tatuador Vitor Guido Mendonça é ateu, pois acredita que não precisa de uma força maior para ser feliz. Morador do bairro Sacomã, na Zona Sul de São Paulo, crê que não existe um Deus pois no mundo há muita desigualdade, preconceitos e crianças morrendo de fome.
Cristão quando criança, seguia a religião por influência de seus pais. Hoje prestes a completar 23 anos, têm uma opinião formada sobre suas crenças. Para Vitor há um preconceito muito grande por ele ser ateu, as pessoas já o taxaram como ignorante por querer expressar a sua opinião em não acreditar que uma mulher possa ter vindo da costela de um homem, por exemplo. Em sua visão, apesar de São Paulo ter uma diversidade cultural e religiosa, o preconceito ainda é muito grande. A maioria da população na cidade se declara cristã (cerca de 80%) e ele diz conhecer pessoas que ocultam a informação de serem ateus por medo do preconceito.
Guido, como prefere ser chamado, declara que as religiões têm pontos positivos e negativos, e apesar de não julgar o que as pessoas acreditam, as vezes pensa que os ignorantes, como já o denominaram um dia, são aqueles que acreditam em um Deus cujo nome é citado em um livro escrito há muitos anos.
Ao ser indagado sobre como é viver sendo ateu em um país onde o Estado é laico, Vitor interpela com um misto de descrença e revolta: “Será que vivemos mesmo em um estado laico? Ou vivemos em um Estado cristão? Porque não temos um pentagrama, Iemanjá, Buda ou qualquer outra simbologia de alguma religião em repartições públicas? Isso é uma falta de respeito com o ateísmo e outras religiões”.
Apesar de não ter conhecimento de como funciona o ateísmo em outros países, Guido acredita que a aceitação no exterior é muito maior, pois na visão dele o Brasil é um país muito preconceituoso pelo fato de termos uma cultura conservadora até hoje. Ele encerra convicto: “Ninguém é obrigado a acreditar ou aceitar a existência de Deus”.